quinta-feira, 7 de outubro de 2010

RETRATO EM PRETO E BRANCO

Já conheço os passos dessa estrada,
Sei que não vai dar em nada,
Seus segredos sei de cor.
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali, sozinho,
Eu vou ficar tanto pior.
O que é que eu posso contra o encanto
Desse amor que eu nego tanto, evito tanto
E que no entanto volta sempre a enfeitiçar?
Com seus mesmos tristes, velhos fatos
Que num álbum de retratos eu teimo em colecionar.
Lá vou eu de novo como um tolo
Procurar o desconsolo
Que eu cansei de conhecer.
Novos dias tristes, noites claras
Versos, cartas, minha cara, ainda volto a lhe escrever
Pra lhe dizer que isto é pecado.
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado e você sabe a razão.
Vou colecionar mais um soneto,
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração.

Música: Elis Regina
Composição: A.C. Jobim/C. Buarque



Música está que toca meu coração, talvez porque seja na voz de uma grande interprete, talvez porque seja de grandes compositores, talvez porque seja de uma época que eu gostaria de ter vivido... ou simplesmente porque... "Eu já conheço os passos desta estrada, sei que não vai dar em nada..."
As coisas na vida poderiam ser muito faceis se não existisse o jogo da vida, porque precisamos jogar para nos dar bem? Sermos muitas vezes quem não somos para agradar as pessoas, para conquistar as pessoas...
Será que é por isso que muitas vezes estou sozinha?
Será que estou querendo ser eu mesma demais?
Cansei desse joguinho sujo, não quero ser diferente... não quero ser igual a ninguém.
Não quero jogar, eu não entrei neste mundo para jogar, entrei para viver...
Viver intensamente,
Então poque não posso fazer o que eu quero?
Porque para conquistar alguém, eu digo em relacionamentos amorosos, precisamos ser pessoas sem defeitos, não eu não fumo.. minha familia é consevadora, eu estudo, trabalho e durmo a noite, faço curso disso e daquilo, sou super antenada na atualidade, a favor do meio ambiente, gosto de política, cachorro e sou vegetariana, meu time é o Flamengo (porque é o maior time do Brasil), eu não gosto de balada, Eu sou de namorar, quero casar e ter uma vida instavél com filhos...etc...etc..etc... por que?
Não posso simplesmente ser eu mesma, com apenas 50% dessas qualidades perfeitas para uma boa companheira?
Posso ser a favor da independência dos sexos, e gostar de um braço pra dormir a noite...
Posso ser Independente financeiramente, mas dependente de carinho e afeto...
Ninguém é de ferro, somos feitos de carne, osso e sentimento, não devemos nos privar de vivermos algo por medo...
Mas quem sou eu pra falar, tenho medo, sofro por antecipação, tenho medo do sofrimento, da decepção, da mentira.
Vou morrer de medo e não vou viver como deveria.
Isso sempre acontece comigo, sou tão decidida para certas coisas, tão cheia de mim, mas para outras não, e para não cair no erro e não me decepcionar, desisto e entrego algo que ainda nem vivi, como meio de auto-proteção.
Essa auto-proteção que se torna uma auto-destruição do ato de viver.
Sempre que me sinto ameaçada, recolho meus homens do campo de batalha e entrego a guerra.
Sentimentos não são para serem controlados, são para serem vividos, por isso aprendi a entregar meus sentimentos a poesia, só ela consegue me entender, posso não ser na vida real o que sou na minha escrita, talvez por medo, mas no papel e na caneta posso ser o que eu quiser, posso sentir todos os sentimentos que desejo, e posso ser feliz sem jogar nada... apenas vivendo o que escrevo.


Silene Morigi

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